Saturday, January 30, 2010

50.000

"Cinquenta mil anos é o que se julga ser o tamanho da história evolutiva da espécie humana, do tacape ao chip. Considerando o arranjo planetário excelente, a Lua onde está e fazendo o que deve para manter o eixo da Terra no lugar exato que a vida gosta, é um tempo miserável para chegar a conclusão de que tudo foi da maneira necessária para chegar onde está e se transformando do jeito que se transforma.

O passo óbvio é permitir que o que de toda maneira opera sozinho se realize sem nossa sofrida oposição. Se no plano individual a coisa é discutível tendo em vista as diferenças físicas e mentais gritantes entre indivíduos, no plano social - por ser-lhes somatório e mescla - não é.

Sempre o que acontece é resultante de forças sociais tão complicadas, confusas, caóticas (e dai que imprevisíveis) quanto, por exemplo, o sistema climático da Terra. Por maior a exposição, poder, carisma, mitificação, santificação, babação e vassalos faça, nunca personagem da história algum, trágico ou bufo, soube o que estava fazendo e muito menos o resultado de sua vida, do ponto de vista social, foi obra intencional dele. Tal qual artistas, ou quaisquer, não sabem o que fazem". (Nestor - fimbrias de 1987)


(decodificação e rearranjo livre de idéias aparentemente esboçadas nos fragmentos 23 e 14 do Manifesto Social Decadente)

Friday, January 08, 2010

Supérfluos.

O vizinho grita, nem em cima nem embaixo, mas ao lado. Junto da piscina dele, do outro lado do muro. A música é antiga, boa, mas muito alto. O suficiente para cobrir as vozes também altas dos que ali come e bebem e se banham classe mediamente.

Classe média baixa com piscina e dois carros. TV, geladeira e um nada falta que há trinta anos reis não tinham. É muita gente com acesso ao mais ou menos, ao supérfluo vagabundo que dura pouco e imundicia o planeta.

É muita gente.