Quando conseguir reunir número significativo de incoerências, terei escrito mais um livro. É essa a idéia da coisa. Escritores expõem seus pensamentos. É o que farei, mas não sou coerente. Tramas surgem e desaparecem sem ranço inspirado. Sem significados ocultos outros que algum sub texto mais elegante e pretensioso. Os todo-amados trocadilhos em farta e ao enfaro. Está valendo qualquer recurso para continuar com tua atenção presa até que me lembre o que tencionava escrever, mesmo que seja uma bobagem das grandes. O que até prefiro.
Levo sobre ti a enorme vantagem de que existe tempo entre um parágrafo e outro. Em compensação, não me respeitas e interrompes quando entendes. Premências do mundo exterior onde existo como referência por um ou outro papo mais absurdo, um dito mais estúpido, um comportamento social agudamente estranho. Essas coisas. Tu então... existes como pretensão minha.
Investindo bem sério nesse lance de me portar socialmente de forma adequada, obter algum proveito em companhias, agrado em novos conhecimentos, tenho reparado que a maioria mente. Ninguém sabe realmente do que está falando. O ouvir dizer gera entendimentos pervertidos e até cruéis. Todos pretendem saber algo importante, de preferência escandaloso, da hora: a síndrome da primeira página.
Em suas próprias áreas de interesse profissional são, alguns, excelências, mas teimam em falar o que não sabem ou opinar estupidamente baseados em qualquer linha de abastecimento logístico de argumentos que, via de regra, tem origem na interpretação já distorcida que um ou outro cronista tem de um determinado fato, dentro de um contexto geral que é deformado ou simplesmente omitido.
Hermann Hesse chamava esse nosso tempo de “época folhetinesca” em “o jogo das contas de vidro”. Qualquer um opina sobre qualquer coisa, entendendo ou não.
Por exemplo, eu. Não entendo picas de política. Alguns podem e se orgulham em estar como arautos de uma farsa onde a catarse se dá através da queima do dinheiro da platéia. Para mim, tornar a participar disso, está fora de questão. Dentro ou fora do picadeiro. Mas adoraria dar palpite e como senhor absoluto e inquestionável do próximo parágrafo, vou arriscar um.
A copa do mundo será o momento político mais importante do ano. O que acontecer durante a copa vai determinar se o Lula segue ou não. E não vai ter nada a ver com o resultado dela, é só que as atenções estarão nela. Qualquer armação vai passar batida, porém... pode ser que não. De toda maneira, que bom assunto para uma mesa de bar.