Monday, August 24, 2009

Camisas - Epílogo.

Dias de enorme sacrifício. Muita dor física e moral. Não pode ir ao parque de muletas. Vai sem, a carne sente. Não pode evitar ir, os pensamentos são horríveis. O cara é agente duplo, petista e democrata. Está metido com patrões do tráfico. Talvez seja perigosíssimo. Certamente é. Custou um ano de vida mais a luxação no tornozelo e o caminhar comprometido por meses. Talvez um maluco que pague do próprio bolso para ser observado. Não interessa.

Joe treina um manquejar digno andando de lá para cá como bicho na jaula. O aparelho, pequeno apartamento perto do parque ao qual fora obrigado pelo serviço, ganha um espelho grande. Joe é perfeccionista. O disfarce é todo inglês. As botas de montaria são inapropriadas, mas firmam o pé ferido. Seria notado com toda certeza, mas nenhuma relação com o palhaço. Calças culote não são comuns. Chapéu Sherlock Homes também não. A polícia, se chamada, nem vai atrás. Tudo será queimado antes do imundo começar a vomitar sangue. Antes do cara se sentir mal.

Num manquejar elegante adentrou ao café. As mesas na rua são o objetivo. Chegou antes. Esteve no parque. Pela primeira vez saiu com o sujeito ainda lá exibindo a camisa. Entrou e escolheu uma revista inglesa. Está em pé simulando atenção a um artigo qualquer. Nem dez minutos e o cara senta-se à mesa de sempre, a posição de sempre, o jornal de sempre. Lê os quadrinhos e passa os olhos sobre o resto. Pede o café e corta o charuto.

- Desculpe, diz Joe, sorrindo como ingleses não usam sorrir, não pude deixar de reparar no Lancero Laguito. É conhecedor? A figura é engraçada, ao mesmo tempo interessante e lamentável. O chapéu ridículo completam dois metros de altura cujo objetivo imediato parece ser transportar um charuto também enorme, um Corona Grande que é, no ato, cortado com habilidade. É recebido com um sorriso. O tabaco os uniu. Um vício que mata, pensou Joe, esperando.

- Sim! É um Lancero! E o seu um Corona! Sente-se, não há muitos apreciadores hoje em dia. Um café? Não espera pela resposta e vira-se para pedir que sirvam o novo amigo. Joe é rápido, o veneno já está na xícara. Dissolve ligeiro no calor. Não tem gosto que se perceba.

A conversa engrena logo. Charutos e pessoas que fumam charutos. Coisas sem importância, coisas agradáveis. Papo sem brilho, mas cordial e simpático

Falavam de umas coisas e outras, café bom lá na rua tal, excelentes bolinhos, meninas bonitas, novinhas... o cara também conhecia Nabokov. E vai daí isso, vem de lá aquilo, o café é consumido e o quase cadáver comenta:

- Coisas absurdas acontecem. Quer saber? Faz mais de ano que venho quase diariamente ao parque sempre com uma camisa diferente apenas porque afirmei que seria capaz de fazer isso e minha filha duvidou. Dá para acreditar? Mais de ano já, mais de trezentas camisas...

Um relâmpago paralisante do rabo a nuca. Problema de consciência imediato e de primeiro grau. Matou o cara porque o estúpido tinha feito uma aposta com a filha. Já para o hospital e o conhecimento da natureza do veneno salvariam a criatura com a mais absoluta certeza.

Joe não consegue falar. Aquele cara ali - na frente dele - bom papo, sujeito de bem com a vida, feliz como possível, camarada no café onde já é freguês habitual, simpático e bom de gorjeta, morre hoje na certa. Por uma série de motivos tolos, entre os quais ele, Joe. Que bosta! O que dizer? Uma tentativa de assassinato de brincadeirinha? Nada. Ambas as vidas seriam vasculhadas. Dor de barriga para o cara. Emagrecimento rápido. E cadeia, talvez a vida toda, para Joe. Botariam a mão nele e o que fazia para viver já tinha incomodado muita gente. O cara podia até não ser nada, mas Joe tinha trabalhado para gente ruim. Ser identificado era a condenação. Não precisava da lei para ser terminado.

Pensa rápido e ao bater o pé no chão, o esgar de dor é verdadeiro, convincente. O sujeito, prestativo, pergunta o que foi e quer ajudar. Entre gemidos, simulando que a dor é nas costelas, Joe pede um hospital. Quebrou num jogo de praia. Frescobol. Caiu sobre uma caixa de cerveja vagabunda. Não queria jogar, mas insistiram. Não para de falar, vai inventando coisas doidas para ter tempo de pensar. Como fazer? O táxi se aproxima do hospital. Chega.

Em duas horas o cara começará a passar mal. Joe já nem sente o pé, a adrenalina corre e a verdade da situação cai na cara dele. Se salvar o cara está condenado. Continua sem o que falar, mesmo na emergência vai ter de se explicar. A roupa esquisita já não disfarça, identifica. Comprada lá, pelo sujeito aquele que raramente vai, mas outro dia esteve aqui e levou apetrechos de palhaço. Houve planejamento. Tentou lembrar se envenenamento é crime hediondo, mas nem faz diferença. Não pode entrar no hospital.

Esse puto fica aqui e a sorte começa a jogar. Encaixa a soqueira com mão ainda no bolso. É certeza que um corpo caído no pátio de entrada da emergência vai ser atendido e observado. Vai garantir que terá atenção quebrando-lhe o cara. Talvez o cara comece a se borrar antes de acordar. Se houver um médico esperto, se salva. Joe simula mais dor e para. Está apoiado no braço direito do cara.

O soco é espetacular. Fraturou o maxilar em dois lugares e o corpo vai ao chão como um poste abatido. A cabeça bate antes. Um som cavo e molhado. Joe ouve já correndo. Havia gente, mas Joe sabe que pessoas reagem apenas depois de pensar algo que justifique o inesperado. O viram correr, provável que até dar o soco. A fantasia de inglês é ridícula, mas cumpria o papel de chamar atenção para o que ele não era. Quando alguém entende que o cara foi agredido por um maluco de calça culote e boina xadrez, já está na outra quadra, sem chapéu, a fralda enorme da camisa escondendo os culotes. Está calmo e pegando um táxi.

O socorro chega e o corpo é recolhido já sem vida. Quebrou a cabeça. Concussão.

No aeroporto, Joe lê estarrecido sobre o milionário morto a socos no pátio do hospital. Ontem. A coisa incomoda. Não era para morrer. Não precisava ter feito nada. Sem atenção ao que o cerca, coisa que não é comum, não vê o grupo que já conhece de fotos nas colunas sociais. Marido, mulher e filhos. Uma das crianças agarra a saia da mulher:

- Mãe, o Humba vêm buscar a gente?

- Duvido que não venha, está sempre em volta. O pai responde ríspido. Está visivelmente contrariado. Não tinha recebido nada. Nenhum mail informando do descumprimento da bobagem das camisas.

Sunday, August 23, 2009

Camisas IV

Aparentemente uma rotina simples. O azar de estar envolvido na história do parque mais o clube, os amigos e um cabaré classe “A+”, a Carmem. Chamado de Doutor Humberto pelo porteiro, uísque velho paca, salamaleques e coisa e tal. Tudo os dois olhos da cara. Joe tinha charme e dinheiro nunca faltou. Nada nababesco como o miserável que vigiava, mas grana não faltava.

Sacou a favorita e foi nela. Tereza. Nada de informação importante. Mas boa, sensual, nada esquelética. A mulher que os homens não querem desfilar, mas devorar devotadamente. Um objeto tão lindo que gosta de ser objeto, como uma paisagem mais bonita porque sabe que é olhada. Mais desejável porque sabe disso. Uma artista. Fácil se envolver, mas ela não quer envolvimento.

Joe não é novo na noite. Conhece. Possível que uma mulher daquelas, descontado o da casa, fature mais do que ele tomando chuva a olhar camisas. Bons artistas não fingem, tem aquela coisa de banco de emoções. Coisa mais talento que prática. Tereza gosta e goza. Não vai com quem não quer. Vai ter menos um freguês, possivelmente vai ser investigada. O alemão olho bem azul com marca de nascença embaixo do queixo, grande como uma moeda e que Joe não é, vai ser procurado. O alemão foi quem perguntou pelo doutor.

Era só. Foi duas vezes a Carmem. Na primeira bebeu pouco e só vinho. Foi como francês e deliciosamente fez o que se esperava e o ganho foi observar que o cretino tinha uma preferida. Da outra vez, com a preferida. Fim. Nada conseguiu, mas deixou um rastro falso eficiente. Se fossem até ali dali não passariam. Se o cara tinha alguma tara esquisita capaz de matá-lo acidentalmente, não era com Tereza ou ela não sabia ou não diria. Um beco sem saída. Nenhuma informação, só uma trepada e tanto. Ainda azar, mas já estava melhorando.

De resto o clube era golfe. Joe não sabia nada de golfe e disfarce de cadi ou taco seria demais. Sorriu ao pensar numa bomba no carrinho do equipamento. Espanto na mídia, “Terror nos Campos de Golfe - Elite em Polvorosa”. Demasiado complicado. Fazer uma bomba deixa rastros. Teria de ser detonação à distância. Muitas variáveis e a indispensável proximidade. Só prá distrair a cabeça. Não dá.

Tiro. Considerando o golfe, fácil. A poética do jogador solitário com os miolos espalhados pela folhagem é tentadora. Um tiro de pelo menos trezentos metros. Era capaz. Melhor, fora capaz. Já não tinha acesso ao equipamento. Munição confiável, lunetas e, principal, o próprio fuzil. Entregara tudo ao Galhardo como um favor/penhor que lhe valia a droga que consumia. Quase nada e só haxixe. Não, tiro não seria.

Havia momento em que o cara estava vulnerável. Depois do parque invariavelmente parava num café, ficava um tempo com um jornal na cara. Seria depois. Durante as baforadas do invejável charuto que acompanhava o café com creme e sem açúcar. O fumo poderia ser assunto para aproximação. O método seria veneno. A forma mais sórdida, o veneno de ação lenta.

Vai morrer aproximadamente cinco horas depois do cafezinho. Pena as cólicas horríveis. Literalmente esvaído em fezes e sangue. Inconveniência que Joe não sabia com evitar. Nem pretendia, entre as frases que gostava de citar estava “carcaça não é para olhar, é para se afastar”.

Anotara o charuto pedindo informação, no próprio café, sobre rua que não lhe interessava em absoluto, mas por perto. Não chamar atenção ou chamar muita disfarça igual. Foi vestido de palhaço. Uma monstruosidade, um susto que anda, chamativo como um Pateta na Disneylândia, tão identificável quanto. Dois metros e meio de altura. Todo suado, um enchimento quentíssimo. Péssima idéia. Andava como trezentos quilos prestes a desabar das pernas de pau. E desabou. Quando voltava a ser Joe. Longe de tudo, de ajuda inclusive. Torceu o pé. Ódio sempre pode aumentar. Saiu do hospital na mesma tarde, enfaixado e de muletas. Já muito além da raiva, estava determinado a eliminar o problema fosse quem fosse o sacana.

Saturday, August 22, 2009

Camisas III

Na verdade daquela tolice toda tinha interessado o papo sobre confiança. Garantira tolamente que mesmo sendo o que sua filha chamava de irresponsável inócuo poderia assumir um compromisso e cumpri-lo baseado exclusivamente no fato de ter prometido fazer.

Gostava de cozinhar, inventava pratos. Tinha nascido rico e nada fizera para mudar isso. Estudara o suficiente para dizer chega. Não preciso. Não quero. No tempo adequado perdera ambos os pais para o câncer. Viajara até aceitar que não gostava de lugares novos. Descobriu bem cedo. Dois casamentos obrigaram a longas viagens para ver coisas que no cinema eram mais bonitas, menos bichos nojentos, fedores e, principalmente, menos congelantes. Não morava mais onde nascera por conta da migração filial. Sempre residia na mesma cidade que a filha. Questões de praticidade. Não se viam muito. Era um gostar amigo, nada sufocante.

Num dos raros almoços cerimoniosos que promovia em atenção à filha e aos chatíssimos filhos e marido aconteceu o que chamava de tolice fundamental. Tinha caído numa esparrela. A filha trabalhava. Acreditava nessas bobagens de ser útil, fazer a vida por si mesma, quaraquaquá e tal. Nada dizia das oportunidades que tivera. Certo, ganhava bem. Poderia ter se feito por si mesma, mas não foi bem assim. Paizão, sabia não tocar no assunto. Era importante para ela. Para ele, só a vagabundagem era coisa natural. O avô dela e o bisavô, talvez o anterior também, tinham construído o que ele só gastava e achava muito bom que fosse assim, sem problemas de consciência ou mais besteiras.

O desafio exigia que fosse fiel a um compromisso sem sentido que, na opinião dele, não provava nada. Apenas que era teimoso como uma mula. A facilidade da coisa era enganosa. Até a volta da filha e sua chatíssima tropa de longa volta ao mundo da qual escapara por pouco, sepultando as chances de não cumprir o que no começo parecia piada, prometera ir pelo menos quatro dias por semana ao parque nunca repetindo consecutivamente a mesma camisa.

Enfim, estava no fim. Mais umas duas semanas e estaria tudo terminado. As camisas não precisavam ser todas diferentes, mas ele fez assim. Teria enorme prazer em dar as trezentas e tantas camisa diferentes para o genro imbecil. Trezentos dc qualquer coisa são grande volume. Trezentas coisas inúteis são um monumento. Guardar trezentas coisas sem uso visível é castigo que haveria de deixar por herança ou não haveria herança. Um troco simples pelo trabalho de encomendar, já pela terceira vez, cento e cinquenta camisas diferentes e ir passear no parque com elas. Uma de cada vez, nunca repetindo.

Que poderia haver de mais inócuo e sem conseqüências? Já desejara acabar com aquilo inúmeras vezes, mas nem sempre choveu e agora já era parte da rotina. O porteiro do condomínio brincava: - Camisa nova, Doutor? - Coisa da filha, sempre respondia ao passar o portão a pé. O parque era perto.
Ia até lá entre tal e tal hora ficava um pouco, olhava o lago e os outros estranhos fregueses diários do parque. Observava os cães e as raças dos donos. Pela graça da coisa Havia também um fotógrafo com telescópio, talvez estudioso de pássaros ou repórter investigativo (sempre lá, chuva, frio ou canícula). Cumpria o ritual da camisa e rumava para o clube, os amigos e o apelido ganho por merecimento: Camisa Nova. Depois, a vez de Tereza Seios Enormes.

Wednesday, August 19, 2009

Camisas II

Camisas II.

"A emoção é nenhuma, mas lá está ele. Hoje está verde como pedaços de grama que o calor e a estiagem ainda não secaram. Quantas camisas verdes esse animal terá? Animal, sim, animal! Não o conheço, não sei nome, não quero saber. Não gosto dele. Ninguém me faz sofrer assim desde o ginásio. Não é culpa dele? Claro que é, alguma fez para alguém ou eu não estaria condenado.

Bah! Não vou me enganar. Sem desculpas. Penso em matá-lo para não ter mais de olhar para ele. Para voltar a viver sem cuidar camisas. Vai ser muito trabalho, as valerá. Quem é, onde mora, o que faz, aonde vai, talvez o porquê da vigilância e toda essa coisa ridícula. Achei um absurdo de início. Essa grana toda para anotar as camisas de um sujeito? Moleza. Tão mole que derreto. Eu aqui: muita garrafa de isotônico, equipamento e a camisa hoje é verde suado sem detalhes. Qual a de ontem? Verde não era. A história continua. Poderia matar esse puto só porque pode ir embora sem levar nada. Cinco minutos de sol escaldante e se manda. Estou aqui faz litros de suor, tédio e raiva. Olho a tralha. Carregar tudo. Este já está morto. Dedicação exclusiva. Onde mora?"

Joe Notebook é metódico. Não é doente, mas o tamanho do queijo e da mortadela no sanduíche de pão redondo é exato. Uma moeda grande: um lado queijo, outro mortadela.

Matar é fácil. Muitos modos. Quantidade de oportunidades. O problema não é escapar impune da polícia, da lei. Crimes sem motivo, ainda que assassinatos, não têm solução. A menos que o autor seja estúpido ou seja um desprezado pelo sorte, um eleito pelo azar. Usualmente não acontece ao Joe. O queijo cobre exatamente a mortadela. Mas não sabe quem o contratou. Podem ser perigosos. Tudo tem de ser casual. Nada de enredo cinematográfico. Pensa rápido em atropelamento. Não serve. Teria de ser o motorista. Muita interferência do acaso. Fuga, carro, insuspeitas testemunhas, câmeras de vigilância e não há garantias que o sujeito morre. Bobagem. Qual a rotina do cara das mil camisas? Mulher? Filhos? Outro trabalho mais emocionante que andar todos os dias até o parque com uma camisa nova??

O insight é horroroso, um choque do cotovelo até o pulso. Bateu o braço na cadeira quando pensou que o cretino poderia não ser outra coisa que mais um elo numa cadeia da qual poderia nunca perceber o tamanho ou o objetivo. E se o cara fosse quase tão patético quanto ele? E se esativesse contratado para ir, dia após dia, semana após semana, mês após mês e entrar ano sempre indo ao parque com uma camisa diferente? Azar dele, do penúltimo, a história vai acabar.

Seguir bem feito, despercebido, é tarefa para dias. Primeiro até aquela esquina, dali, outro dia, mais um pedaço e assim até conhecer o fim. Um condomínio de alto luxo. Altas cercas, alta segurança. Tudo o que seria ruim que fosse. Um edifício seria fácil, uma casa isolada mais ainda. Ali tudo o que pode fazer é ir embora sem perguntar nada. Teria de ser no trajeto ou no parque. Talvez surgisse algo da rotina do cara. Contar os tempos. Estar no parque durante a hora e meia aprazada para a verificação de camisa era absolutamente necessário. O bosta podia não ir, Joe nunca.

A tentação de dar um fim rápido nem apareceu. Agora havia um objetivo, um tipo de serviço diferente. Eliminar o cara. Absorvente. A emoção da caça.

Monday, August 17, 2009

Vezes tem que dá uma vontade sem propósito de escrever. De fazer isso apenas porque sei fazer. Não é como cortar a grama. Nada encheu que tenha de extravasar, muito menos transbordar. O que escrevo fica, mas nem é por isso. Não sei. Essa é a verdade. Não estou inspirado como quando tenho de entregar o sentido a qualquer outra coisa que pode até ser um eu interior (que a mim não se apresentou ainda), mas esse aqui, meu conhecido, não é. O texto é assunto maior e o sentido me foge. Vem por mim, não é para mim. Não há necessidade que entenda.

Mas essa de fazer porque é divertido estar registrando pensamentos, a melhor aproximação é dançar nu pela sala e sozinho. Tudo aqui é bem real (acabei de escrever, de papelizar esse pensamento, está concreto, quântico pelo menos). Quando ainda na cabeça as idéias não tem existência. É preciso copiar de onde ESTÃO e fazê-las na realidade, "trazê-las à existência" (muita gente boa não saca que é uma metáfora: trazer não está por transportar).

Deve ser por isso a imensa bobagem dos tais arquétipos e toda a confusão filosófica decorrente. É simples assim. mas pode-se compreender que sábios embrulhados em panos ou vestindo barris e que ERAM as estrelas da época (academias, escolas, etc..) quisessem cada um ter uma idéia luminosa e o séquito consequente.Vejo-os inventando coisas, um mais Paulo Coelho que o outro.

Parafraseando Fernando Pessoa: "...o mistério último das coisas / é que elas não tem mistério nenhum..."